sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Star Realms - Análise por Micael Sousa

Montes de naves, bases e planetas num universo em guerra pela disputa de influência. Naves e planetas de fações que se potenciam quando utilizados em conjunto em ataques devastadores aos inimigo. Ganha que conseguir tirar toda a influência ao adversário, dominando então o reino estelar.
Bem, não estou a falar de nenhum filme de ficção científica militar. Trata-se apenas do jogo Star Realms, um deckbluider para duas pessoas, que se joga de um forma muito rápido e intensa 10 a 20 minutos é suficiente para esta batalha pela influência galática.

Importa explicar o que é isto do deckbuilder para quem ainda não conheça o sistema de jogo. Quem já estiver familiarizado pode passar este parágrafo à frente. Deckbuilder é um tipo de jogo de cartas em que cada jogador vai construindo, à medida que o jogo se desenrola, o seu baralho com as cartas que vai adquirindo. Existe uma oferta pública de cartas que podem ser adquiridas através do tipo de moeda usado pelo jogo e produzido por determinadas cartas. Ou seja, é um jogo de cartas, onde existe sempre algum fator de sorte pelo que biscamos, mas somo nós que definimos o tipo de baralho que temos, ajustando as probabilidades do que nos sai quando biscamos cartas para jogar. É um modo de jogo muito dinâmico e que torna cada jogo diferente e imprevisível, tendo forte componente estratégica associada ao modo como se constrói o baralho e se jogam as próprias cartas.

Star Realms é um deckbuilder rápido, em que a oferta de cartas depende do que vai saindo do baralho de jogo. Cada jogador começa com 50 pontos de influência e inicia cada turno, pois joga-se à vez, com 5 cartas. São essas 5 cartas que lhe vão permitir reduzir a influência do adversário, ganhar mais influência pessoal, obter dinheiro para comprar mais cartas e ativar outras abilidades especiais tais como: biscar mais cartas para poder jogar, remover cartas do seu baralho, fazer o adversário descartar cartas, destruir diretamente bases e planetas, entre outras coisas. Com as naves conseguimos atacar o adversário e ativar outras habilidades de forma instantânea, que depois de terem o seu efeito seguem para o descarte no final do turno. Os planetas e bases são permanentes, ficam sempre em jogo, podendo ser usados uma vez por turno. Se forem do tipo Outpost o adversário tem de os destruir primeiro antes de poder reduzir a influência do adversário.

É possível fazer sequências poderosíssimas de combinações entre as cartas da mesma fação desde que jogadas no mesmo turno. Isto incentiva a construção do baralho de forma racional. Essa vertente torna cada jogo diferente e gratificante, pois o bom planeamento permite jogadas espetaculares de otimização.

Star Realms não é um filler (que é aquilo que chamamos aos pequenos jogos para utilizar por jogadores mais light ou entre jogos mais pesado), mas pode ser usado como tal, pois é muito rápido. O jogo tem muitas expansões que o tornam ainda mais variado e divertido. Juntando mais cartas podem jogar mais que dois jogadores. O grafismo do jogo é excelente. É fácil de ensinar e transportar. Para o seu género é um pequeno grande jogo com diversidade, replicabilidade e potencial para aplicar estratégia individual ao jogo.

Jogo: Star Realms
Ano: 2014
Avaliador: Micael Sousa
Tipo: Deckbuilder
Tema: Espacial
Preparação: 3 minuto
Duração: 15 minutos
Nº de Jogadores: 2
Nº Ideal de jogadores: 2
Dimensão: Pequena
Preço médio: 15€
Idade: 8+

Qualidade dos Componentes: 8
Dimensão dos Componentes: 10
Instruções/Regras: 10
Aleatoriedade: 7
Replicabilidade: 8
Pertinência do Tema: 8
Coerência do Tema: 8
Ordem: 7
Mecânicas: 8
Grafismo/Iconografia: 10
Interesse/Diversão: 9
Interação: 9
Tempo de Espera: 9
Opções/turno: 7
Área de jogo: 10
Dependência de Texto: 7
Curva de Aprendizagem: 8

Pontuação: 8,28

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Isle of Skye - Análise por Edgar Bernardo


Em Isle of Skye: from chieftain to king é suposto estarmos a fazer crescer o nosso condado de maneira a formarmos um reino digno de registo histórico. Mas, na verdade, o que fazemos é leiloar por peças que anexamos ao nosso reino inicial.
Fonte da imagem: http://www.asaboardgamer.com/review/isle-of-skye/
O leilão em si passa por retirar 3 peças do saco e, secretamente, escolher uma para descartar e colocar preço nas restantes. Seguidamente, à vez, cada jogador pode comprar apenas uma peça disponível a um dos outros jogadores. No final da ronda, se alguma peça nossa não for adquiria fica para nós, e o dinheiro que nela atribuímos perde-se. Por outro lado, se alguém nos comprar uma das peças acumulamos algum dinheiro para os leilões seguintes.

Visualmente é apelativo e extremamente simples de explicar. Em menos de 5 minutos estamos a jogar e, ao contrário do que sugere o tempo, em menos de 40 minutos o jogo termina. Com exceção para jogos com 5 jogares (ou 4 se tivermos jogadores que gostam de levar o seu tempo...).

É um jogo familiar com estratégia e alguma sorte à mistura. Não muita porque é possível contornar a aleatoriedade das peças que nos calham, mas para jogadores mais casuais que queiram apenas divertir-se pode tornar-se um jogo de pura sorte.

Isle of Skye é uma espécie de cruzamento feliz entre Carcassone e um qualquer jogo de leilão.
A parte menos bem conseguida está reservada para a temática... este jogo podia ser sobre as eleições nos EUA, ou sobre o preço da melancia no Burkina Faso... ninguém notava. Sei que por vezes isto não é um problema, pois muitos jogos bem sucedidos passam por essa versatilidade. Mas num jogo que procura recriar o crescimento de um condado ou reino medieval escocês falta a mínima noção de "reino", de "medieval" ou de "escocês"... a escolha de um tema menos suscetível a críticas evidentes teria sido uma grande mais valia.

Por outro lado, e como afirmei, não me parece que a temática em causa, ou em falta, faça diferença nas vendas deste jogo. Merece ser jogado causalmente entre família e amigos, ou na maior seriedade, mas apenas se todos o encararem da mesma forma, caso contrário, nem todos vão ficar satisfeitos com a experiência.
Recomendo como introdução a todos os jogadores casuais e famílias.
 
 
Jogo: Isle of Skye
Ano: 2015
Avaliador: Edgar Bernardo
Tipo: Gestão
Tema: Exploração / Expansão
Preparação: 3 minuto
Duração: 60 minutos
Nº de Jogadores: 2 - 5
Nº Ideal de jogadores: 4
Dimensão: Pequena
Preço médio: 25€
Idade: 8+

Qualidade dos Componentes: 7
Dimensão dos Componentes: 8
Instruções/Regras: 10
Aleatoriedade: 6
Replicabilidade: 9
Pertinência do Tema: 4
Coerência do Tema: 4
Ordem: 10
Mecânicas: 6
Grafismo/Iconografia: 8
Interesse/Diversão: 7
Interação: 7
Tempo de Espera: 9
Opções/turno: 7
Área de jogo: 8
Dependência de Texto: 10
Curva de Aprendizagem: 9

Pontuação: 7,59

Para jogadores casuais e famílias

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Monopólio, um ódio de estimação - texto por Micael Sousa

Aqui vai o primeiro texto de opinião mais pessoal aqui no blogue. Nem só de reviews vive este espaço, por isso aqui vai o primeiro do género.

Este será uma espécie de artigo de ódio a um jogo, tanto que nem me deu vontade de o analisar segundo os critérios que definimos para os restantes jogos. Se este passatempo dos jogos de tabuleiro é uma atividade de paixão, até nem será muito estranho gerar-se um ou outro ódio de estimação.

Antigamente, quando comecei a jogar este tipo de coisas, que acabei por conhecer através do Magic: The Gathering, o jogo Monopólio não me incomodava muito. Comecei por jogar Setlers of Catan, mas depois via luz quando conheci todos os outros jogos. Ao olhar para trás, o velhinho Monopólio parece grotesco, um empecilho e estorvo para divulgar este hobbie a novatos.
 
Razões para o fim de um jogo de Monopólio
 

Quando digo a alguém que gosto de jogos de tabuleiro a resposta que obtenho é quase sempre a mesma:
- Também gostava de jogar Monopólio.

É de ficar irado! Primeiro porque o tempo verbal é passado, ou seja, jogavam quando eram crianças, dizendo indiretamente que isso não é ocupação de adultos.
Menos mau quando referem o Trivial Pursuit ou Pictionary. Melhor ainda quando dizem Xadrez.

O Monopólio parece ser ainda em Portugal um verdadeiro monopólio de significado.

Esqueçam o Monopólio!!! Joguem um Catan pelo menos. Há à venda em qualquer loja do género e em grandes superfícies. É meio caminho andado para descobrir posteriormente a beleza, originalidade, potencialidades dos jogos de tabuleiro mais recentes, como podem fomentar a sociabilização entre famílias e amigos, por vezes até entre desconhecidos.

O Monopólio é um péssimo exemplo para dar a alguém como jogo de tabuleiro pois passa uma mensagem negativa forte:
 • Devem andar às voltas na vida, confiando na vossa sorte sem qualquer controlo e responsabilidade nos vossos movimentos;
 • Podem apenas decidir se compram ou não, se perdem dinheiro; nada podem fazer para gerar dinheiro para além de dependerem da sorte ou da má sorte alheia;
 • Um jogo demora imenso, em repetição sem fim de tédio e sem exercitar ou aprender nada de especial;
 • Não é especialmente divertido, pois a aleatoriedade ainda vos tornará mais gananciosos enquanto esperam que o dinheiro pingue ou façam negociações igualmente ditadas velos ventos da fortuna;
 • Ninguém sabe bem as regras e joga segundo o livro dado que o jogo é tão mau que obriga a mudanças para ser mais agradável.
 
Joguei muito monopólio quando era miúdo. Só lamento não conhecer e haver outros jogos na altura. Agora não há desculpa, a escolha e oferta começa a existir!

Abaixo os monopólios!
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