sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Uma visita ao boardgame café: A Jogar é que a Gente se Entende

Finalmente consegui ir ao boardgame Café “A Jogar é que a Gente se Entende” (AJeqaGsE). Foi preciso quase um ano para conseguir rumar até Vila do Conde e desfrutar deste magnifico espaço. O AJeqaGsE não é o primeiro boardgame café do país, pois podemos considerar que outros o tenham precedido, como por exemplo o Pow Wow em Lisboa - outro local que ainda estou por visitar. E pelo que me constou há mais uns locais onde se pode jogar que poderiam ser considerados como tal também, mais nuns aspetos que noutros. 


No entanto o AJeqaGsE é uma novidade pelo modo diferente como juntou o jogar e o estar num café, e enquadra-se mais naquilo que encontramos nos boardgame cafés dessa europa fora, presentes em quase todas as grandes cidades. Tendem a ser espaços pensados propositadamente para esse fim, com decoração e ambientes muito próprios, muito descontraídos e confortáveis, onde as pessoas estão no centro do negócio, até mais que os próprios jogos. Nesses espaços ficamos com sensação de que estamos em casa, numa sala de estar de um amigo com bom gosto por decoração de interiores, em que os jogos são elementos participantes do ambiente e decoração. Já fui a vários, especialmente na zona de Paris, e o AJeqaGsE não fica nada atrás deles, muito pelo contrário. Posso dizer, com segurança, que foi dos melhores onde já estive até hoje, tendo estado já em espaços deste tipo em Paris, Barcelona, Bruxelas, Londres, Orleães e Bucareste. De todos o AJeqaGsE foi mesmo aquele onde me senti melhor, mas também se percebe porquê. Em nenhum dos outros conhecia os proprietários e não se falava português, o que facilita muito – temos de admitir. A nossa cultura portuguesa sente-se e ajuda a acolher mesmo de forma passiva. Foi tão fácil encontrar pessoas para fazer uma partida. Apesar de ir sem muito tempo ainda deu para jogar um Via Nebula, com o Vinicius, Rita e Hugo, até então desconhecidos para mim, mas que fiquei imediatamente em ligação através das redes sociais, que é uma facilidade hoje em dia ao dispor da nossa comunidade de hobby – muito importante para nos mantermos ligados a esta paixão pelos jogos. 


Então, no AJeqaGsE vão encontrar uma impressionante oferta de jogos que podem experimentar, com pessoas que vos podem ajudar a jogar. Vão ter comida caseira e diferenciada - o Hamburger que comi estava excelente. Entre bolos e outras bebidas, vão poder provar várias cervejas artesanais – o que para mim é perfeito porque sou um apreciador de cerveja diferenciada. Os preços não são exagerados, porque não se esqueçam que estão a pagar também a experiência, os jogos e todo o conhecimento necessário para que tudo aquilo funcione. Em Portugal temos por hábito desconsiderar essas coisas, mas se não as pagarmos não há projeto que possa sobreviver – está na altura de começar a pagar as coisas imateriais também. É um pouco como a produção de conteúdos sobre jogos de tabuleiro, eles só podem melhorar com apoio dos interessados – porque custa sempre tempo e dinheiro. Quanto ao espaço, o AJeqaGsE não é gigante, é aconchegante e acolhedor, se fosse maior provavelmente perderia esse encanto. No entanto imagino que ter mais mesas pudesse ajudar à sustentabilidade financeira do negócio. A localização parece interessante, embora só lá tenha chegado com GPS, uma vez que não conhecia Vila do Conde. O café insere-se num conjunto urbano à beira mar muito interessante, com um porto e edificado patrimonial muito típico. Mas como era noite não deu para ter uma visão mais ampla. Gostei da nau que por lá atracava e do ambiente naval histórico quando atravessei de carro a cidade, perto do AJeqaGsE. 


Em jeito de resumo, foi muito bom rever a Dina e o Manuel, e conhecer o seu pequeno, no seu ambiente e ver que o seu projeto está a correr bem. Demonstraram-nos que, quando há paixão por algo os projetos podem vingar, que não é só uma questão de acreditar, mas principalmente: de ter conhecimento do que se pretende fazer e da capacidade de planeamento e concretização. Eu diria que isso aprendemos também nos jogos que jogamos. 


autor: Micael Sousa

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