sábado, 23 de maio de 2015

Magic: The Gathering - Análise por Micael Sousa

Nota prévia: Esta será um texto de análise excecionalmente longo.

Ao escrever estas palavras arrisco levar uma valente tareia. Vou falar daquele que é o jogo de cartas mais jogado do género, que mais paixões e ódios alimentam e, claro, mais dinheiro movimenta. Confesso, eu fui um sério agarrado ao Magic: The Gathering, mas agora estou “limpo” desse vício, pois converti-o na paixão por todos os demais jogos de tabuleiro, partindo do princípio que os posso comparar. É esse afastamento que me faz arriscar esta análise.

Fonte: Wizards.com

O Magic surgiu em Portugal trazendo um tsunami de novidade, estávamos em meados/finais dos anos 90. Havia finalmente disponível na loja da esquina um jogo de cartas complexo, com inesgotáveis cartas para construir baralhos, fazer duelos e outros experimentalismos. Os formatos de jogo são imensos, tal como continua a ser interminável a quantidade de cartas disponíveis. No entanto, trata-se de um “trading card game” – TCG, o que significa que temos de comprar as cartas, vendidas em saquetas, baralhos ou outros formatos mistos sem sabermos previamente o que compramos. Significa que temos de estourar imenso dinheiro para levar o jogo a sério. Existem diferentes raridades de cartas. Existem umas muito melhores que outras, e essa análise nem sempre é imediata e absoluta. São estas as características que tornam este jogo tão bom quanto mau.

Então o jogo, na sua versão tradicional, funciona mais ou menos assim. Cada jogador assume o papel de feiticeiro que avança para um duelo com o seu livro de magia, sendo cada carta uma página desse livro. Cada feiticeiro joga à vez, consumindo o recurso mana para realizar as suas magias, que podem ser imensas coisas, tais como: criaturas; feitiços, encantamentos; artefactos; etc. O objectivo passa por derrotar o adversário, fazendo-o perder pontos de vida através de ataques de criaturas, feitiços e afins. Os jogadores perdem também quando acabarem as cartas do seu baralho, tiverem demasiados marcadores de veneno ou através de outras possibilidades decorrentes de cartas especiais.

Então, em sumula, o jogo tem imensos factores positivos. Tem muita variabilidade, opções, uma comunidade imensa e forte de jogadores, um mercado que movimenta bastante dinheiro, lojas e torneios próprios. No entanto, esses pontos fortes podem ser vistos como as suas fraquezas. Ou seja, por haver uma comunidade tão forte e uma dimensão tão profunda de jogo isso tende a afastar os entusiastas de querer experimentar novos jogos. Quem joga Magic raramente joga outra coisa. Os custos de investimento para jogar são avassaladores. As temáticas podem ser uma limitação especialmente para quem não aprecia fantasia, feitiços e afins. O jogo tem uma curva de aprendizagem grande e pode exigir tanto envolvimento que nos pode fazer desligar de tudo o resto.

O jogo tem claramente pontos muito fortes e outros bem fracos, sendo que a comparação com todos os restantes jogos de tabuleiro, que não sejam TCG, pode ser injusta e desadequada. Pessoalmente prefiro virar a página (do grimório) e variar experimentando todos os outros jogos. O Magic foi muito importante e continua a ser um colosso dentro dos jogos de cartas (e jogos de tabuleiro), por isso percebo perfeitamente quem ainda o prefira a todos os outros. Para mim representa nostalgia e respeito por ter sido aquele primeiro jogo complexo que joguei realmente a fundo.


Jogo: Magic: The Gathering
Ano: 1993
Avaliador: Micael
Tipo: Trading Card Game (Jogo de troca de cartas)
Tema: Fantasia
Preparação: 1 minuto (se o baralho estiver preparado previamente)
Duração: 20 a 40 minutos em média
Nº de Jogadores: 2 (mais jogadores em modos alternativos)
Nº Ideal de jogadores: 2
Dimensão: pequena
Preço médio: Infinitos €
Idade: 12+

Qualidade dos Componentes: 5
Dimensão dos Componentes: 6
Instruções/Regras: 3
Aleatoriedade: 3
Replicabilidade: 9
Pertinência do Tema: 9
Coerência do Tema: 9
Ordem: 4
Mecânicas: 8
Grafismo/Iconografia: 10
Interesse/Diversão: 9
Interação: 10
Tempo de Espera: 7
Opções/turno: 7
Área de jogo: 9
Dependência de Texto: 1
Curva de Aprendizagem: 3

Pontuação: 6,8

Para jogadores avançados com tempo e muito dinheiro

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Agricola - Análise por Edgar Bernardo

 
“Um jogo sobre agricultura!” Ai está um frase que pode desarmar todo o entusiasmo de alguém que nunca tenha jogado Agricola. Enviar membros da nossa família ora a buscar recursos, construir ou melhorar as nossas estruturas, ora a semear e pastorear, é de facto um resumo adequado das ações deste jogo, mas este jogo pode tornar-se um elevado desafio pela sobrevivência da nossa família.
 
O tema aparentemente pacífico disfarça uma batalha de minifúndios que pode ser muito estimulante para jogadores que apreciam calcular cada jogada e identificar a melhor forma de não só sobreviver, como prosperar. Seja na sua versão familiar, como na versão comum (que usa cartas para acrescer dificuldade e opções) todos vão sentir que muito ficou por fazer no final de cada jogo. Não existe uma meta, ou um objetivo último que não o de fazer o melhor possível com as opções disponíveis.
 
Prefiro jogar a versão familiar ou no máximo a comum usando um sistema de draft nas cartas para reduzir a aleatoriedade. O custo do jogo, assim como o tema, pode afastar potenciais interessados, no entanto, reitero que este jogo é excelente nas suas mecânicas, na sua complexidade e no raro e difícil casamento entre mecânicas e tema. Possivelmente o meu jogo preferido!

 
Jogo: Agricola
Ano: 2007
Avaliador: Edgar
Tipo: Estratégia / Gestão
Tema: Agricultura / Medieval
Preparação: 15 minutos
Duração: 30 minutos por jogador
Nº de Jogadores: 2 - 5
N Ideal de jogadores: 2 - 4
Dimensão: média
Preço médio: 60€
Idade: 12+


Qualidade dos Componentes: 9
Dimensão dos Componentes: 9
Instruções/Regras: 6
Aleatoriedade: 8
Replicabilidade: 9
Pertinência do Tema: 10
Coerência do Tema: 9
Ordem: 7
Mecânicas: 8
Grafismo/Iconografia: 10
Interesse/Diversão: 8
Interação: 5
Tempo de Espera: 6
Opções/turno: 9
Área de jogo: 6
Dependência de Texto: 6
Curva de Aprendizagem: 8

Pontuação: 7,8
 
Para jogadores experientes
 
 

terça-feira, 5 de maio de 2015

Catan - Análise por Micael Sousa



Este será, provavelmente, o jogo mais conhecido que neste blogue alguém se dará ao trabalho assumir uns bitaites. É muito comum ver o Catan à venda nas grandes superfícies, mesmo ali ao lado do Monopólio e afins. Mesmo assim, apesar dos seus 20 anos, este jogo é uma lufada de ar fresco para quem quer escapar ao básico, pelo menos numa fase inicial.

Então, em Catan, colocamos as nossas aldeias na ilha modular, sempre diferente, tanto na disposição dos recursos que se podem obter, como nos números pelos quais eles são produzidos. Sim, este é, acima de tudo, um jogo de gestão de recursos, domínio de probabilidades e de áreas no tabuleiro, pois cada espaço de produção e vias de ligação (que permitem expandir a rede de exploração) só podem ser ocupados por um jogador. Para além dessa corrida, o jogo tem bastante interactividade, tanto pelo ladrão, que podemos mover para tramar a vida dos nossos concorrentes, como pelas trocas de recurso entre jogadores, que são formalmente incentivadas pelas regras do jogo.


Há razões para este jogo preencher os requisitos de muitas pessoas, pois é simples e permite um certo grau de estratégia de jogo. No entanto, não me satisfaz, embora o recomende para quem se quer iniciar neste mundo dos jogos de tabuleiro. Primeiro, o fator sorte é muito considerável: há dias em que os dados parecem estar contra nós, apesar de termos escolhido as “probabilidades certas”. Depois, não existem assim tantas opções para rumar à vitória. É uma corrida com pouca diversidade, especialmente quando comparamos com outros jogos do género.


As expansões melhoram o jogo, especialmente a expansão “Navegantes”, sem o desvirtuar em excesso. As restantes enriquecem-no mas tornam-no ainda mais longo e “estranho”, sendo o tempo de jogo da versão base a roçar os limites do aceitável para um jogo deste tipo.
Comecem por jogar Catan, mas não percam demasiado tempo com ele, avancem para os outros.


Jogo: Catan
Ano: 1995
Avaliador: Micael
Tipo: Familiar/Gestão
Tema: Renascentista
Preparação: 5-10 minutos
Duração: 90 minutos
Nº de Jogadores: 2 - 5
N Ideal de jogadores: 4 - 5
Dimensão: Pequena
Preço médio: 40€
Idade: 10+

Qualidade dos Componentes: 8
Dimensão dos Componentes: 7
Instruções/Regras: 9
Aleatoriedade: 3
Replicabilidade: 6
Pertinência do Tema: 4
Coerência do Tema: 4
Ordem: 7
Mecânicas: 5
Grafismo/Iconografia: 6
Interesse/Diversão: 6
Interação: 8
Tempo de Espera: 3
Opções/turno: 4
Área de jogo: 5
Dependência de Texto: 8
Curva de Aprendizagem: 6

Pontuação: 5,6

Para Iniciação









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