quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Jogar constantemente jogos novos ou ficar sempre pelo mesmo? – Opinião por Micael Sousa

Podem gostar de jogos de tabuleiro e não serem massivos colecionadores ou viciados em conhecer todas as novidades sobre o tema – e são tantas que é quase impossível seguir tudo. Podem ser daqueles e daquelas aficionados e aficionadas que só jogam um jogo de fez em quando e que vão continuar a jogar esse mesmo e único jogo  até ao fim dos vosso dias a jogar essa dita coisa. Ou então de tempos a tempos lá jogam uma coisa nova.

Fonte da imagem: https://tinasrabbithole.wordpress.com/2014/05/02/gamesroleplayingfantasy-shop/

Bem. Sou um permanente insatisfeito nisto dos jogos de tabuleiro, sempre na demanda por encontrar o jogo perfeito. É uma utopia que me alimenta o gosto pelo hobbie, que me faz comprar mais jogos do que aqueles que consigo jogar. Mas sou também um colecionar. Crio assim muita rotatividade inevitável no que levo à mesa. Do ponto de vista competitivo é uma má opção, pois nunca há tempo suficiente para conhecer a fundo um jogo e domina-lo em grupo. No caso dos jogos mais complexos, especialmente nos “eurogames”, isto pode ser problemático, pois dificilmente um jogador que o experimenta pela primeira vez pode ser competitivo comparativamente aos adversários mais experientes. A complexidade e excesso de regras, tal como as intrincadas mecânicas, desmultiplicadas e pouco comuns, não ajudam, apesar de serem as mais interessantes em determinados casos. Ganha, aquase sempre, quem já jogou pelo menos algumas vezes. Isso pode não acontecer nos jogos mais simplistas, mas esses jogos, para os ditos "gamers" depois sabem sempre a pouco. Claro que há exceções, a beleza de alguns jogos passa pela simplicidade e linearidade das ideias e mecânicas que usa. O difícil, por vezes, é fazer simples e intelectualmente desafiante ou divertido.

Assim levantam-se várias questões. Para apreciar um jogo de tabuleiro é preciso jogar várias vezes, muitas mesmo em determinados títulos. Mas a variedade é tanta, e as novas publicações não param. Quem gosta disto é levado a tentar ficar a par das novas tendências. As novas mecânicas, temas e experiencias que os jogos induzem podem gerar a adição à busca pela constante novidade. Tal manifestação e efeito efémero podem ser paradoxais, pois os jogos de tabuleiro, em princípio, deveriam e poderiam ser intemporais, pois o suporte é menos propenso à desatualização.

Então o que fazer? Qual o comportamento otimo? Esgotar um jogo? Estar sempre a experimentar todas as novidades e procurar aquele jogo perfeito? Então e se o jogo perfeito não existir Se afinal o que interessar é simplesmente jogar o jogo indicado em cada momento? As perguntas não são inocentes. Sei que não existem respostas correctas. Mesmo eu que tenho muita curiosidade por jogos novos acabados de publicar também aprecio um jogo competitivo já bem batido por todos os jogadores que se juntam à mesa.

Talvez sejam estas muitas possibilidades que dão a força e vitalidade que tanto cativa quem se liga a este hobbie. Para além de existirem jogos para todos os tipos e gostos, o próprio modo como se vive esta paixão e se lida com os jogos de tabuleiro é adaptável às preferências de cada um.

Podíamos filosofar sobre a vontade ou falta dela de algumas pessoas em experimentar um novo jogo. Podíamos concluir muitas coisas: o medo da novidade, a preguiça mental, ou a segurança e estabilidade que dá seguir uma tradição. Provavelmente nisto, como em quase tudo na vida, o ideal é sempre o equilíbrio, pois temos sempre o outro extremo, do excesso de consumismo de jogos de forma pouco aprofundada e que pouco dignificam algumas dessas obras-primas da criatividade humana.

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