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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

As Viagens de Marco Polo - Por Edgar Bernardo

Enquanto personagem pseudomítico da narrativa eurocêntrica da exploração e contacto multicultural, Marco Polo, tenha ou não de facto visitado e passado pelo que as suas aventuras relatam, tem um potencial vastíssimo para pano de fundo de um jogo de tabuleiro centrado no comércio e exploração, o que de facto este jogo se predispõe a fazer.
 
Fonte da imagem: https://curitibaludica.com.br/2015/08/04/the-voyages-of-marco-polo/
 
Tomamos o papel de um explorador contemporâneo de Marco Polo, ou o próprio, e com a nossa habilidade única procuramos fazer o máximo de pontos possíveis durante as 5 rondas. Os nossos principais recursos são os dados que podemos alocar nas várias ações possíveis que, por sua vez, permitem-nos deslocar e adquirir novos recursos para cumprir contratos. Recursos como camelos, seda, pimenta, ouro e dinheiro... Para além do que é visível a todos os jogadores, temos dois objetivos secretos que procuramos cumprir para conseguir mais alguns pontos. Estes implicam visitar e marcar presença em 4 destinos, 2 por carta.

Um dos aspetos interessantes deste jogo é a sua replicabilidade patente na diversidade de habilidades dos vários personagens, dos bónus das cidades e das ações disponíveis nas ditas cidades, contratos disponíveis para compra, etc. Estão abertas as portas para expansões sem necessitar de novos tabuleiros ou anexos estéticos.

Devo dizer que o que menos me agradou em Marco Polo foi, por um lado, a desconexão entre as habilidades do personagens e os próprios personagens, ou seja, não havia nenhuma razão temática aparente para justificar que a habilidade de um personagem fosse especificamente aquela. Por outro lado, o custo elevado na ação das movimentações também me pareceu excessivamente escalado, impossibilitando uma movimentação mais fluída dos jogadores no tabuleiro.

Mas estas são críticas ou reparos mínimos pois Marco Polo consegue agradar em todos os seus aspetos chave, da iconografia, ao grafismo e às mecânicas de jogo. Na verdade, um dos aspectos mais interessantes é a elegância com que pega em mecânicas já existentes e as trabalha de forma simples e harmoniosa, fugindo a complicações desnecessárias nas suas mecânicas de jogo. Aliás se tivesse alguma mecânica realmente inovadora, na minha opinião, teria também um lugar no panteão dos jogos de tabuleiro da última década.

Recomendo para famílias e para jogadores mais competitivos, sem dúvida um jogo a considerar para qualquer coleção.
 
 
Jogo: As Viagens de Marco Polo
Ano: 2015
Avaliador: Edgar Bernardo
Tipo: Gestão de Recursos
Tema: Viagens e Comércio
Preparação: 15 minutos
Duração: 90/120 minutos
Nº de Jogadores: 2 - 4
Nº Ideal de jogadores: 4
Dimensão: Média
Preço médio: 45€
Idade: 12+

Qualidade dos Componentes: 8
Dimensão dos Componentes: 8
Instruções/Regras: 8
Aleatoriedade: 9
Replicabilidade: 9
Pertinência do Tema: 7
Coerência do Tema: 7
Ordem: 10
Mecânicas: 9
Grafismo/Iconografia: 7
Interesse/Diversão: 8
Interação: 6
Tempo de Espera: 6
Opções/turno: 8
Área de jogo: 8
Dependência de Texto: 10
Curva de Aprendizagem: 8

Pontuação: 8,03
 

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