sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Village - Análise por Micael Sousa


No início éramos quatro, depois fomos deixando descendência enquanto trabalhávamos na nossa propriedade e para a nossa aldeia. Fomos morrendo e alguns conseguiram ficar na história local pelas façanhas que fizeram. É com a história da nossa e das outras famílias que se cria a memória desta aldeia.
 
 

Isto podia ser um prólogo para o jogo Village (ou Descendance em francês), mas não é, são simplesmente palavras que inventei para introduzir um jogo um excelente jogo de gestão, um bom “eurogame” que mistura boas mecânicas com um tema bem desenvolvido e divertido.

Tal como referido na introdução em Village gerimos vidas de pessoas e recursos. Trata-se de um “worker placement” original. Há recursos (cubos de várias cores) que representam conhecimento e os típicos recursos materiais de consumo (ferramentas, animais domésticos, trigo, e outros). Mas em Village os trabalhadores (membros da nossa família) morrem! Os turnos e as ações que vamos tomando fazem passar o tempo, e com esse desenrolar os mais velhos vão morrendo! Podemos ficar tristes, por vezes nos podemos afeiçoar aos pequenos bonecos de madeira, mas a morte pode ser boa, especialmente se o nosso familiar se tiver destacado em vida em alguma função importante para a família ou a aldeia.

O tema em Village é profundo, quase mórbido. Por isso mesmo é surpreendentemente divertido, porque é como a vida. Não é o jogo mais interativo, mas para “eurogame” está mais do que ok. Tem bastante replicabilidade, especialmente quando juntamos as expansões, que melhoram em muito o jogo. Existem vários caminhos para a vitória igualmente poderosos e um jogo demora entre uma a uma hora e meia. O grafismo está adequado e alivia o peso das mortes. No fim, ganha quem tiver mais pontos, quer seja por se ter destacado com gente importante na família, por ter feito os melhores negócios, ascendido na política ou no clero, ou até por ter sido um grande viajante. Normalmente ganha quem tiver sido mais eficiente em cumprir alguns ou todos estes objetivos.

Recomendo! Um grande jogo de gestão e estratégia, com um tema e mecânicas que podem parecer comuns no género, mas que depois têm um sabor muito especial.
 
Jogo: Village
Ano: 2011
Avaliador: Micael Sousa
Tipo: Gestão
Tema: Agricultura / Medieval
Preparação: 10 minutos
Duração: 60 - 90 minutos
Nº de Jogadores: 2- 4
Nº Ideal de jogadores: 3
Dimensão: Grande
Preço médio: 35€
Idade: 12+

Qualidade dos Componentes: 7
Dimensão dos Componentes: 8
Instruções/Regras: 10
Aleatoriedade: 9
Replicabilidade: 8
Pertinência do Tema: 9
Coerência do Tema: 10
Ordem: 8
Mecânicas: 9
Grafismo/Iconografia: 8
Interesse/Diversão: 9
Interação: 6
Tempo de Espera: 7
Opções/turno: 10
Área de jogo: 8
Dependência de Texto: 10
Curva de Aprendizagem: 10

Pontuação: 8,54

Para todos
 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Caravelas II - Análise por Edgar Bernardo

Caravelas II procura dar a conhecer todos os lugares onde Portugal foi pioneiro, no contexto europeu, na sua descoberta. A última versão do Caravelas, mais simplificada, tenta recriar o movimento das armadas enviadas para além do conhecido.

Parece evidente que os criadores deste jogo tiveram o cuidado de o tornar acessível a famílias, em particular para os mais novos. Uma atenção bem definida na componente educativa do momento lúdico que é o jogo em si.
 
fonte: http://www.mesaboardgames.pt

A sua mecânica base é muito clara e rapidamente se entra no jogo. Usar movimentos, em cartas, para descobrir novos lugares, de acordo com os objetivos que aleatoriamente cada jogador possui, aproveitando a "viagem" para recolher alguns recursos para trazer para Lisboa.

Não havendo interação entre os jogadores o grande desafio é atravessar o cabo da Boa Esperança sem perder barcos e seus recursos. A sorte é determinada pela lançar de um dado, mas há que saber tomar as melhores decisões com os movimentos e objetivos que dispomos a todo o momento.

Caravelas II não procura dar novos mundos aos mundos dos jogos de tabuleiro, na sua essência pode até ser entendido como demasiado simples e sem grandes desafios, mas essa avaliação seria falaciosa. A meu ver há que considerar sempre o público-alvo e relativizar a nota final do jogo em sua função.
Infelizmente é um erro comum atribuir valores elevados a jogos cujo público-alvo é demasiado abrangente (por exemplo jogos que afirmam ser adequados para maiores de 10 ou 12 anos.

Por vezes, embora menores sejam inteligentes o suficiente para compreender de forma satisfatória os seus mecanismos, isso não significa que sejam adequados a essas idades e como tal na avaliação final de alguns jogos dever-se-ia penalizar a tabelação de um público-alvo não adequado.

Isto é outra discussão. O Caravelas II é um jogo educativo, familiar, simples e rápido, perfeito para os mais novos e suas famílias. Recomendo vivamente (para esse público-alvo)!
 
Jogo: Caravelas II
Ano: 2013
Avaliador: Edgar Bernardo
Tipo: Familiar
Tema: Descobrimentos / Renascentista
Preparação: 10 minutos
Duração: 45 minutos
Nº de Jogadores: 2- 4
Nº Ideal de jogadores: 5
Dimensão: Grande
Preço médio: 20€
Idade: 8+

Qualidade dos Componentes: 6
Dimensão dos Componentes: 7
Instruções/Regras: 10
Aleatoriedade: 7
Replicabilidade: 7
Pertinência do Tema: 8
Coerência do Tema: 9
Ordem: 8
Mecânicas: 5
Grafismo/Iconografia: 7
Interesse/Diversão: 6
Interação: 0
Tempo de Espera: 7
Opções/turno: 6
Área de jogo: 7
Dependência de Texto: 10
Curva de Aprendizagem: 10

Pontuação: 6,54

Para famílias e os mais novos
 
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